“Goiás é um dos estados que mais cresce no Brasil”, afirma Alckmin durante encontro com empresários em Goiânia

Ao lado do governador Ronaldo Caiado, vice-presidente da República ouviu demandas do setor produtivo e de agentes públicos. Chefe do Executivo estadual pediu ajuda na instalação de gasoduto e mais debate sobre o texto da Reforma Tributária

Foto:  Hegon Corrêa.

O crescimento econômico de Goiás, de 6,6%, em 2022, evidenciado pelo Instituto Mauro Borges (IMB), baseados em cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi elogiado pelo vice-presidente da República e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. Ao lado do governador Ronaldo Caiado, ele participou, nesta sexta-feira (28/07), de um encontro promovido pelo senador Jorge Kajuru, com todo setor produtivo de Goiás para discutir as demandas empresariais. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, participou de forma remota.

Antes do evento, o governador recepcionou o vice-presidente no Hagar do Estado no início da manhã. Logo após, os dois seguiram para o Palácio das Esmeraldas para um café da manhã. Depois, Alckmin e Caiado se deslocaram para a Assembleia Legislativa de Goiás, local da reunião. Participaram do encontro cerca de 700 empresários da indústria, comércio e agronegócio.

Segundo o vice-presidente, o encontro ocorre dentro de discussões promovidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, que discute a reindustrialização do Brasil, algo que, segundo ele, não é possível de ser feito sem ouvir a indústria, agricultura e outros setores econômicos. "Goiás é um dos estados que mais cresce no Brasil. Então, é muito importante [começar por aqui]", frisou Alckmin.

"Vamos trabalhar para renovar todo o parque industrial e é esse Conselho que vai elaborar conosco uma nova política industrial para o Brasil. Exportadora, inovadora, verde e com transição energética. Então, Goiás está no centro. Brinquei com Caiado e Kajuru, que aqui é a melhor esquina do Brasil. Agora com a [ferrovia] Norte-Sul e a FIOL [Ferrovia Oeste-Leste]tem uma logística maravilhosa", enumerou.

Para incrementar ainda mais o crescimento do Estado, o governador Ronaldo Caiado solicitou ajuda do governo federal para a instalação de um gasoduto. "É uma luta grande. Desde quando fui senador, aprovei um projeto, mas infelizmente foi vetado. Um gasoduto em Goiás traz uma outra dinâmica", afirmou.  "Essa ferramenta para as indústrias e a mineração é muito importante porque temos um Estado extremamente rico", acrescentou o chefe do Executivo goiano.

Reforma Tributária
Caiado aproveitou o encontro para pedir melhor análise do texto da Reforma Tributária e mais debate. A PEC aprovada pela Câmara dos Deputados também foi alvo de reclamação do empresariado durante o encontro.  "Queremos ser ouvidos", afirmou o governador sob fortes aplausos dos presentes. "Agora, no momento em que Goiás pisa no acelerador, crescendo 6,6% ao ano, quase o triplo do Brasil, vem isso assim?", questionou ele, ao lembrar de fundos constitucionais e incentivos fiscais que podem ser extintos com a aprovação da reforma.

O presidente da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, também questionou a reforma. "Temos uma preocupação principalmente com a trava da carga tributária, que não aparece clara, e os incentivos fiscais. A Lei Complementar 160 segurou a força dos incentivos fiscais até 2032, mas ela começa a perder o seu efeito em 2029. Isso é muito ruim", asseverou.

Já o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Eduardo Veras, demonstrou preocupação com acordo entre Mercosul e União Europeia que desconsidera o Código Florestal brasileiro. "O governo precisa ser protagonista nessa negociação", cobrou. O dirigente ainda pediu empenho da União para reduzir a dependência de fertilizantes internacionais. "Hoje, 85% deles são importados e precisamos de mais pesquisa para se obter novas fontes no país e apoio da indústria nacional para reduzir isso".  

Alckmin, que falou após os empresários e o governador, disse que o diálogo iniciado com o encontro é importante e que não vai se encerrar aqui. "Vamos manter esse trabalho junto com a sociedade organizada de Goiás", garantiu. Sobre a Reforma Tributária, assegurou mais conversas. "O Senado vai ouvir até dar a palavra final. O objetivo da matéria é simplificar, reduzir judicialização e desonerar a exportação e investimento. O Caiado vai ser ouvido e os prefeitos também para buscar a melhor solução que compatibilize investimento e atração de negócios para a região aqui. Com diálogo, ouvindo mais gente, se erra menos", acrescentou.

O senador Jorge Kajuru agradeceu a presença dos empresários no encontro. "Temos a aqui presença dos maiores empresários do Brasil, dos segmentos do agronegócio, comércio e serviços. Goiás é o primeiro estado a sediar essa reunião, que é importante para todo país", avaliou.

Homenagem
Durante o evento, o governador aproveitou para entregar a comenda Tiradentes, no grau Grã-Cruz, ao vice-presidente Geraldo Alckmin. Esta é a mais alta honraria da Polícia Militar de Goiás, que reconhece e valoriza as autoridades e entidades civis pelas ações e méritos na área da segurança.

Violência contra a pessoa idosa: Quais são as principais causas?

Hoje às 16h, será realizado um bate-papo com o objetivo de responder essa e outras questões sobre os tipos de violência contra a pessoa idosa



O programa contará com a participação da Dra. Monize Marques – Coordenadora da Central Judicial do Idoso, Dra. Cyntia Carvalho e Silva- Delegada de Polícia do DF e da Dra. Katia Valeria - Subsecretaria do Idoso do DF.

VOCÊ é nosso(a) convidado(a) para acompanhar esse debate!

10/07 (SEGUNDA-FEIRA)
16h (HORÁRIO DE BRASÍLIA)
Link do canal: https://www.youtube.com/@CANALIEDF

Eventos da Confederação Nacional do Comércio movimentam a economia brasiliense

De 10 a 14 de julho, Brasília sediará dois importantes encontros da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Com mais de 2 mil inscritos de todos os estados, a presença dos participantes na cidade promete aquecer a economia, movimentando hotéis, bares, restaurantes, além de serviços de transporte e atividades de lazer e cultura

Foto: Pedo Oliveira.

Incialmente, os dois eventos – Sicomércio 2023 e Conecta 2023 – aconteceriam no Rio de Janeiro. A mudança para Brasília foi uma decisão do presidente da CNC, José Roberto Tadros, com intuito de movimentar o setor de turismo da capital da República, já que as últimas edições aconteceram na capital fluminense, no ano passado.

De acordo com o presidente do Sistema Fecomércio-DF, José Aparecido Freire, são boas as expectativas com relação aos encontros. "O ticket médio de cada turista que vem a trabalho ou negócios gira em torno de R$ 700. Com cerca de 2 mil visitantes de outros estados, aproximadamente R$ 1,4 milhão pode ser injetado na economia diariamente", afirma Aparecido.

Durante uma reunião no Palácio do Buriti, em junho, Aparecido reforçou o convite da Confederação para que o governador Ibaneis Rocha marque presença na abertura do evento. A ideia é dar boas-vindas aos participantes e falar sobre o que a capital de todos os brasileiros tem de melhor.

Conecta e Sicomércio
A semana começa com o Conecta 2023, de 10 a 11 de julho, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), próxima às margens do Lado Paranoá. O evento reunirá representantes de 34 federações do comércio, além de integrantes do Sesc e do Senac de todas as Unidades Federativas.

Na sequência, de 11 a 14 de julho, no mesmo local, acontecerá o Sicomércio 2023, exclusivo para sindicatos patronais do setor de comércio de bens, serviços e turismo.

Esses encontros têm como objetivo principal integrar as entidades na busca por soluções, inovações e boas práticas, além do fortalecer a atuação conjunta em benefício das empresas brasileiras e dos trabalhadores do comércio.

Artista paulista sofre censura e acusação de crime em Minas em exposição que denunciava preconceito contra imigrantes

"Estou sem dormir. Ver a minha família associada à pedofilia e à pornografia infantil é revoltante"



Ricardo Coelho nasceu em São Paulo, mas está desde 2009 em São João del-Rei no circuito histórico de Minas Gerais. Na cidade ele atua como curador independente e designer de exposições, além de ser professor da Universidade Federal, a UFSJ. Lá, ministra aulas nos cursos de Arquitetura, Urbanismo e Artes Aplicadas. Entre suas criações artísticas, uma em especial se conecta com sua história pessoal do artista. E infelizmente, apesar de ser um trabalho que denuncia a violência e o preconceito, foi acusado de pedofilia e sofreu censura durante sua passagem por Uberaba, no Triângulo Mineiro, em junho.
 
A mostra "Meu Corpo, Minha Morada" que ficaria em exibição por 30 dias na Galeria de Arte Rachel Machado, foi abruptamente prejudicada quando o presidente da Câmara de Vereadores, Fernando Mendes, do MDB, foi ao local e exigiu dos servidores saber quem havia autorizado a exposição das imagens que contêm nudez. Em vídeo publicado na internet o vereador aparece tomando satisfação dos funcionários e registrando um boletim de ocorrência em uma base móvel da Polícia Militar. Ainda na galeria, Mendes determinou a retirada de duas das 29 fotografias do projeto.
 
(confira aqui a manifestação do vereador: https://www.instagram.com/reel/CtK1YLgA-B3/?utm_source=ig_web_copy_link&igshid=MzRlODBiNWFlZA== )
 
A exposição 
Fruto de uma experiência negativa na Espanha em que viu sua família envolvida, Ricardo produziu o ensaio fotográfico "Estrangeiros". "Na primeira semana em que nos mudamos para Barcelona no ano de 2014, eu, minha parceira e nossa primeira filha Valentina com três anos, precisamos recorrer à polícia por um golpe imobiliário do qual fui vítima. Durante três tardes inteiras tivemos que permanecer isolados numa unidade dos Mossos d'Esquadra, sendo muito hostilizados, até sugerirem que nós queríamos aplicar um golpe na Polícia", conta o fotógrafo.
Durante o tempo em que de denunciante passou na unidade da Polícia, todo o atendimento a Ricardo e à sua família foi feito na língua catalã, dificultando ainda mais a compreensão da situação. Ricardo conta: "pela primeira vez na vida senti na própria pele o que era o racismo e isso pelo simples fato de não dominar o idioma local, adotado como um signo identitário. Pela primeira vez pude entender o que era ser um estrangeiro".
   
Da dor à arte 
Após essa experiência e em suas andanças fora do circuito turístico de uma das regiões mais ricas da Europa, Ricardo sempre reparava os indícios e restos de casas demolidas. Silhuetas de cômodos, portas, janelas e pedaços delicados de azulejos ou ladrilhos decorados ilustrando o que agora eram terrenos baldios. "Eu tentava imaginar as histórias, as famílias e suas memórias. Eu acabei entrando em contato com a consequência mais nefasta desse contexto, ou seja, a situação precária e desumana dos imigrantes, sobretudo africanos, antes aceitos como mão de obra barata para a construção civil e, depois da crise de 2008, excluídos de toda a sua condição humana a ponto de preferirem ser literalmente invisíveis. Com a experiência que vivi eu pude entender a dor contida nessas histórias".
 
Foi dessa história vivida que surgiu a série "Memória Apagada", realizada ainda em 2014 e que circulou pelas cidades espanholas de Barcelona, Madrid, Valência e Huesca. Posteriormente outra série nasceu como fruto da experiência no exterior. "Estrangeiros", que nunca havia sido exibido na íntegra, com fotografias feitas em diversas localidades do Campo das Vertentes de Minas Gerais em 2016.
 
"Eu estava tentando imaginar-me na condição dos milhares de refugiados em todo o mundo, de milhares de pessoas cuja fragilidade de seus próprios corpos era sua única e última morada". Eu e minha própria família tentamos traduzir a fragilidade e a estupidez humanas, assim como os limites ilusórios que signos de proteção como a "casa" e as "roupas" representam", desabafa o artista.
  
De denunciante a denunciado... outra vez 
Mas a jornada de Ricardo Coelho com o estranhamento alheio ainda teria outra reviravolta. Desta vez no interior de Minas. Por uma segunda vez, de denunciante ele se encontraria como denunciado. "Estou sem dormir desde o ocorrido por causa dessa violência gratuita. Faço meu trabalho silenciosamente há 30 anos. E ver isso e minha família associada à pedofilia (distúrbio mental) e pornografia infantil (crime tipificado) é bastante revoltante. Receber uma interpretação maliciosa de uma autoridade que direciona a opinião pública para esse viés quando exatamente estamos provocando a reflexão sobre a fragilidade humana, é muito perturbador", lamenta o artista.

Para o historiador da arte, professor e referência em estudos sobre a produção artística, Jorge Coli, em palestra que inaugurou a última edição do prestigiado ciclo de debates "Mutações" com o projeto Sempre um Papo em Belo Horizonte, a mostra Estrangeiros e o ocorrido são significativos porque "mostram o quanto o corpo pode perturbar as pessoas. Nós constatamos reiteradamente reações violentas contra exposições de arte que buscam visões críticas sobre o corpo. A nudez "pode", mas só pode no segredo da pornografia", disse ele. Para Coli esse tipo de intepretação equivocada acompanha nossa história: "A arte instaura um corpo. O corpo da arte. Nos convida a olhar além das superfícies. A arte interroga. A arte abala padrões. A arte abala valores. E faz com que o corpo de pura visualidade se transforme em humanidade."

Superficialidade que se manteve no ocorrido em Uberaba e que para a advogada que defende Ricardo, Kátia Bizinotto, mostra o absurdo no tratamento à arte que ainda resiste no Brasil. Katia aguarda agora uma decisão do Judiciário para que as obras retornem à exposição e fiquem pelos 30 dias conforme contrato assinado com a Fundação Cultural de Uberaba. Para a advogada "uma resposta imediata, firme e pedagógica do Judiciário, uma das mais respeitadas instituições, é urgente para restabelecer a ordem, a importância da arte e a dignidade do artista e assim fortalecer a Democracia e a paz, pois o que houve além da censura foi a incitação ao ódio exatamente contra alguém que com sua arte erguia sua voz contra ele".